Nos últimos dias, a fala de Mark Zuckerberg sobre o “fim do gestor de tráfego” com o avanço da Inteligência Artificial gerou burburinho no mercado. Segundo o CEO da Meta, a proposta da empresa seria um sistema onde o anunciante apenas informaria o objetivo e o orçamento, e a IA faria todo o resto. Criar, segmentar, otimizar. Sem precisar de gestores.
O que muita gente, que tem corrido para decretar o fim da profissão de gestor de tráfego, parece ter esquecido é que marketing não é sobre operar ferramenta. Nunca foi.
Sem arrodeio: o que está queimando verba (e a reputação de muitos profissionais) não é a IA. É a crença de que campanha de sucesso se consegue só apertando botão. O inimigo não é artificial; é humano: é a falta de visão.
É achar que tráfego sozinho resolve produto ruim, discurso mal construído e marca que não sabe o que está vendendo. Que alcance, isoladamente e mesmo sem conversão, é métrica a ser comemorada. Que conversão sem qualificação de leads é gol. É a falta do pensamento estratégico, focado só na entrega do anúncio, sem se preocupar com construção de valor e conexão com o cliente. É querer se destacar na multidão de um show de rock vestindo roupa preta.
O algoritmo não cria conceito nem entende contexto. O algoritmo interpreta e reproduz. Sem clareza, proposta de valor e criatividade, o resultado final vai ser apenas mais uma gota no oceano da desatenção.
A automação pode até trazer agilidade para otimizar conversões de campanhas, mas não contribui para o que de fato constrói uma marca e cria lealdade com os clientes: a consistência. Confiança não se cria em linha de código, mas no arroz com feijão do dia a dia.
O gestor de tráfego que continuará essencial será aquele que sabe que marketing sempre foi sobre gerar interesse. E que sem discurso, segmentação, relevância e contexto, dificilmente há sustentabilidade e escala na operação. Este profissional não está ameçado. Pelo contrário: vai ser mais eficiente, usando a IA como apoio, e não como muleta.
Já aquele que acha que é gestor só porque sabe mexer com impulsionamento, este sim talvez esteja com os dias contados.
Mas aí a culpa não vai ser da tecnologia…